sábado, 26 de junho de 2010

Plataforma 09

P.s: Recomenda-se deixar a música carregar e então ler o texto pausadamente, escutando-a.
Boas emoções é o que desejo!



[ Dezembro de 1960. 
Estação de trem. 
5h da manhã e a negritude da noite ainda fazia-se presente.
Plataforma 09. 
A neve caía sorrateira. 
A brisa gélida de rachar os ossos e secar os lábios.
Sapato Scarpan de cor negra. Vestido enegrecido de um veludo suave e luvas para acompanhá-lo. Sofisticado colar e brincos de pérolas. Batom carmim número 12. Cabelos negros presos em um coque clássico e elegante. Perfume com notas alavandadas, de uma fragrância leve e marcante. Ao seu lado, encontra-se seus pertences mais pessoais. E lá, Ela espera, no seu ponto de partida. A trombeta ressoante anuncia a chegada do trem que a conduzirá à seu destino. Respirando profundamente, a coragem toma conta de seu corpo e dá forças para que suas pernas possam mover-se. Caminha em direção a entrada. Senta-se no lugar indicado em seu bilhete. E lá aguarda. O toque de partir soa. E em meio à ele, soa também um grito. Grito esse, constante. Quase incessante. Ela arregá-la os olhos em um súbito espanto. Aquela voz lhe era inconfundível. 
Era Ele. 
Sim, era Ele. 
A certeza não a enganava. Ela olhara pela janela do trem. E lá estava Ele. 
Sapatos de couro brilhante. Terno azul escuro, sem um vinco sequer. Cabelo garboso em gel. E com seu chapéu de tons escuros, Ele acena. 
Ela encontrava-se em meio a um borbulhão de sensações. Sai como um dispáro. 
O trem por sua vez, dá seu Adeus. 
5 metros, é o que falta para atrelá-los. 
Respiração ofegante. Ela caminha em direção à Ele. 
Os primeiros raios de Sol começam a dar seus educados Olás. Cor de Bom Dia!
2 metros ainda restam.
O tempo parecia regressar em cada passo dado.
Alguns meros centímetros apenas.
Um simples tocar de mãos, com pitadas de gotas de orvalho.
O calor. Não o do Sol, que ainda surgia gélido, mas, o da acolhida que ali pairava.
A magia fez-se. Aquele Homem e aquela Mulher já não cabiam ali. O que podia-se ver eram apenas duas crianças. De quão puro e inocente, aquele amor o era.
E em um sopro, sentindo as respirações, e  inspirações. O tocar dos lábios puramente acontece.
E então, fez-se dia. Sem neve. Sem frio.
Restou apenas o calor daqueles dois Corações pulsantes. 

por Renata Liima.]



5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Devo dizer que esse foi seu texto mais lindo! Sem falar pela riqueza dos detalhes!
    Vc fez eu respirar fundo ao ler esse texto. Confesso que faz um bom tempo q eu li algo assim. ^^

    ResponderExcluir
  3. Texto perfeito como sempre,a música também é muito linda. tenho orgulho de ser amigo seu,Amo-te.

    ResponderExcluir
  4. Nossa que lindo...
    senti vendo a cena
    =p
    muito bom

    ResponderExcluir