quarta-feira, 30 de junho de 2010

Silêncio




[ Era noite.
  Estávamos apenas Eu, Ele e a Lua cheia.
  Sentados no balanço da varanda ouvindo Jazz.
  O silêncio da noite.
  E era no silenciar, que nos conhecíamos verdadeiramente. ]

terça-feira, 29 de junho de 2010

O Amor por Gibran

"Fala-nos do Amor.

Quando o amor vos chamar, segue-o,
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora a sua voz possa despedaçar vossos sonhos como o vento devasta o jardim.
Pois, da mesma forma que o amor vos coroa, assim ele vos crucifica.
E da mesma forma que contribui para vosso crescimento, trabalha para vossa poda.
E da mesma forma que alcança vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,
Assim também desce até vossas raízes e as sacode no seu apego à terra.
Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor vossa nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma no pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas, o amor operará em vós para que conheçais os segredos de vossos corações e, com esse conhecimento, vos convertais no pão místico do banquete divino.
Todavia, se no vosso temor, procurardes somente a paz do amor e o gozo do amor,
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez e abandonasseis a eira do amor,
Para entrar num mundo sem estações, onde rireis, mas não todos os vossos risos, e chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.
O amor nada dá senão de si próprio e nada recebe senão de si próprio.
O amor não possui, nem se deixa possuir.
Pois o amor basta-se a si mesmo.
(...)
E não imagineis que possais dirigir o curso do amor, pois o amor, se vos achar dignos, determinará ele próprio o vosso curso.
O amor não tem outro desejo senão o de atingir a sua plenitude.
Se, contudo, amardes e precisardes ter desejos, sejam feitos os vossos desejos:
De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho que canta sua melodia para a noite;
De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada;
De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor 
E de sangrardes de boa vontade e com alegria;
De acordardes na aurora com o coração alado e agradecerdes por um novo dia de amor;
De descansardes ao meio-dia e meditardes sobre o êxtase do amor;
De voltardes para casa à noite com gratidão;
E de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado, e nos lábios uma canção de bem-aventurança." 

O Amor por Gibran, trecho do livro O profeta.

Carta de Beethoven à Amada Imortal




"7 de Julho

Bom dia! Todavia, na cama se multiplicam os meus pensamentos em ti, minha amada imortal; tão alegres como tristes, esperando ver se o destino quer ouvir-nos. Viver sozinho é-me possível, ou inteiramente contigo, ou completamente sem ti. Quero ir bem longe até que possa voar para os teus braços e sentir-me num lugar que seja só nosso, podendo enviar a minha alma ao reino dos espíritos envolta contigo. Tu concordarás comigo, tanto mais que conheces a minha fidelidade, e que nunca nenhuma outra possuirá meu coração; nunca, nunca... Oh, Deus! Por que viver separados, quando se ama assim?

Minha vida, o mesmo aqui que em Viena: sentindo-me só, angustiado. Tu, amor, tens-me feito ao mesmo tempo o ser mais feliz e o mais infeliz. Há muito tempo que preciso de uma certeza na minha vida. Não seria uma definição quanto ao nosso relacionamento?... Anjo, acabo de saber que o correio sai todos os dias. E isso me faz pensar que tu receberás a carta em seguida.

Fica tranquila. Contemplando com confiança a nossa vida alcançaremos o nosso objectivo de vivermos juntos. Fica tranquila, queiras-me. Hoje e sempre, quanta ansiedade e quantas lágrimas pensando em ti... em ti... em ti, minha vida... meu tudo! Adeus... queiras-me sempre! Não duvides jamais do fiel coração de teu enamorado Ludwig. Eternamente teu, eternamente minha, eternamente nossos."

Beethoven

Teu semblante

[ Amo tua risada sem graça
  De menino tímido
  Com bochechas ruborizadas pela vergonha.
  Teus olhos
  Fecham-se com teu sorrir.
  Quão lindo o é!
  Quão lindo.
  Lembro-me de teu semblante
  Adormecido em meus braços
  Naquela noite.
  Te protegeria de todo e qualquer mal
  Para gravar aquele terno momento.
  Amantes.
  Porém, amigos acima de tudo. ]

Enigma

[ Segredos.
  São velados em tumbas empoeiradas.
  Protegidas por outros tantos.
  Códigos.
  Mapas.
  Passagens secretas.
  Cronogramas.
  Criptogramas.
  Símbolos.
  Caracteres de uma linguagem milenar.
  Tochas iluminam a direção errante.
  Uma porta.
  Outra porta.
  E outra porta.
  O desfecho está por vir.
  E mais uma porta.
  E tantas outras passadas.
  As tochas já encontram-se fracas.
  Fagulhas.
  Fumaça.
  Vento forte.
  Escuridão.
  Ruídos crepitam.
  Latejam.
  As engrenagens retorciam.
  E junto a ela, surgia uma penumbra.
  O baú estava abrindo a cada tic-tac vindo das engrenagens.
  Completamente aberta.
  Silêncio em suspense.
  Tantos passos para o Norte.
  ...
  A supresa.
  O segredo desvelado... ]

Tomada 2, Cena 2



[ Milhas e milhas percorridas.
  Carros.
  Túneis.
  Passarelas.
  Percorre por todas as dimensões.
  Contempla-as.
  Ponto de encontro.
  Ponte à Oeste da cidade.
  Os dois extremos.
  Ele.
  Ela.
  Em passos largos chegam ao meio.
  A despedida.
  O adeus.
  O partir.
  Ela segue seu caminho sem olhar para trás.
  Inesperadamente.
  Voluptuosamente ele a vira.
  E agarrando-a junto a seu corpo.
  Delira enlaçado pela veludez de seus delicados lábios.
  E a cena fecha-se.
  Corta! ]

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Dias Perfeitos



[ Tecei meu fim de dia junto ao mar.
  Calmo.
  Tranquilo.
  Daqueles dias simples.
  Dias felizes.
  Dias perfeitos.
  Dias eternos. ]

domingo, 27 de junho de 2010

Por um fio



[ Desespero.
  Desesperança.
  A vida em corda bamba.
  Fio de nylon retorcido.
  Desgastado.
  Parti-se e eu parto.
  Almejo alcançar o outro ponto.
  Balanço.
  Estremeço.
  Me vem o Êxito. ]

sábado, 26 de junho de 2010

Peito Aberto


[ E então, escancaro meu coração...
  Dúvidas e incertezas já não o pesam mais.
  Se os pedidos não foram atendidos, talvez seja assim que deva estar.
  Leve é como sinto-me.
  Agora posso retornar para as estrelas.]

Plataforma 09

P.s: Recomenda-se deixar a música carregar e então ler o texto pausadamente, escutando-a.
Boas emoções é o que desejo!



[ Dezembro de 1960. 
Estação de trem. 
5h da manhã e a negritude da noite ainda fazia-se presente.
Plataforma 09. 
A neve caía sorrateira. 
A brisa gélida de rachar os ossos e secar os lábios.
Sapato Scarpan de cor negra. Vestido enegrecido de um veludo suave e luvas para acompanhá-lo. Sofisticado colar e brincos de pérolas. Batom carmim número 12. Cabelos negros presos em um coque clássico e elegante. Perfume com notas alavandadas, de uma fragrância leve e marcante. Ao seu lado, encontra-se seus pertences mais pessoais. E lá, Ela espera, no seu ponto de partida. A trombeta ressoante anuncia a chegada do trem que a conduzirá à seu destino. Respirando profundamente, a coragem toma conta de seu corpo e dá forças para que suas pernas possam mover-se. Caminha em direção a entrada. Senta-se no lugar indicado em seu bilhete. E lá aguarda. O toque de partir soa. E em meio à ele, soa também um grito. Grito esse, constante. Quase incessante. Ela arregá-la os olhos em um súbito espanto. Aquela voz lhe era inconfundível. 
Era Ele. 
Sim, era Ele. 
A certeza não a enganava. Ela olhara pela janela do trem. E lá estava Ele. 
Sapatos de couro brilhante. Terno azul escuro, sem um vinco sequer. Cabelo garboso em gel. E com seu chapéu de tons escuros, Ele acena. 
Ela encontrava-se em meio a um borbulhão de sensações. Sai como um dispáro. 
O trem por sua vez, dá seu Adeus. 
5 metros, é o que falta para atrelá-los. 
Respiração ofegante. Ela caminha em direção à Ele. 
Os primeiros raios de Sol começam a dar seus educados Olás. Cor de Bom Dia!
2 metros ainda restam.
O tempo parecia regressar em cada passo dado.
Alguns meros centímetros apenas.
Um simples tocar de mãos, com pitadas de gotas de orvalho.
O calor. Não o do Sol, que ainda surgia gélido, mas, o da acolhida que ali pairava.
A magia fez-se. Aquele Homem e aquela Mulher já não cabiam ali. O que podia-se ver eram apenas duas crianças. De quão puro e inocente, aquele amor o era.
E em um sopro, sentindo as respirações, e  inspirações. O tocar dos lábios puramente acontece.
E então, fez-se dia. Sem neve. Sem frio.
Restou apenas o calor daqueles dois Corações pulsantes. 

por Renata Liima.]



sexta-feira, 25 de junho de 2010

FurtaCor

[ Se eu bem pudesse, costuraria teus sorrisos, em meu breu Céu...
  Mas não o faria de qualquer jeito.
  Não com teu Sorrir...
  Onde cada fresta cor de neve simboliza o mais singular Sentir.
  Quão furta cor o é.
  Ora o parece amarelaço como o raiar do Sol.
  Ora anilado, como lua em crescente ascenção.
  Ora rubor, no teu envergonhar.
  Teu Matiz-Sorrir transmuda meu Céu Estelar. ]

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Menina dos olhos

[ Quisera eu ter a certeza
  E não somente ela,
  Mas a permissão
  De ser a menina de teus olhos.
  Onde eu possa construir minha morada.


  Quisera eu...


  Quisera... ]

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Sinfonia



[ Abdiquei de todos os Dissabores.
  Amores.
  Telhado.
  Céu aberto.
  Celular desligado e jogado longe.
  Pensamentos ininterruptos vagam pelo ar.
  Sintonia eloquente.
  Ouço em leves passadas a sonoridade da sinfonia pulsante.
  Violoncelos.
  Pianos.
  Violinos.
  Trilham os instantes de aventura.
  Flutuo pelo Céu
  E colhi belas e ofuscantes estrelas...
  No entanto, algo chamou-me atenção.
  A estrela que [es]colhi trouxe consigo meu pedido eternizado. ]

Relatos



[ Apunhá-lo meu peito.
 Três apunhaladas bastam.
 A vida secou-lhe...
 Remaneceram apenas lembranças
 Relatadas em uma fita mofada... ]

terça-feira, 22 de junho de 2010

Lojinha de Conveniências


[ A menina que colecionava selos, com sua bicicleta rosa e enfeites no guidom, passeava pelas ruas a procura de algo que julgava muito valioso. Foi quando resolveu entrar em uma lojinha de conveniências para talvez encontrar aquilo que tanto desejava.
  Ao chegar, procurou, procurou, e nada encontrou... Naquela lojinha de conveniências não havia nada de conveniente, muito pelo contrário.
  Então, chegou ao balcão e fez seu pedido:
  - Moço, oh moço. Quero 1kg de amor em pó, por favor.
  O balconista espantou-se com tal pedido e em zombaria respondeu-lhe:
  - Você está de brincadeira, não é!? Não vendemos isso aqui!
  Confusa e tristonha, a menina que colecionava selos, saiu sem entender o que se passava.
  Cabisbaixa, ela saiu direto para seu esconderijo preferido.
  De lá podia-se ver toda a cidade.
  Seus prédios e casas.
  Ela não queria muito. Almejava lá do alto espalhar o tão valioso pó sobre toda a cidade, na esperança de levar amor, nem que fosse em pó, para a vida das pessoas que não o tinham, que o desconheciam.
  Quão boba possa parecer sua atitude, mas são tão raras que por mais boba possa ser, sempre será de grande valia.
  Bobo, mas não fútil... Fútil se é para aqueles pobres coitados de coração impuro que desconhecem a valia de um amor de verdade. ]

A Espera



[ É impressionante como as pessoas insistem em dar o devido valor as coisas depois de tê-las perdido.
  O que tem de tão difícil em cultivá-las enquanto permanecem vivas e firmes?
  Que raio de comportamento estranho é esse?
  Após toda a perda, vem o remorso do "poderia ter feito isso..."
  Não seria tão mais simples se fizéssemos sem medo ou culpa?
  Mas não, me parece que o peso do lamento é mais interessante que gozar de momentos de paz.
  Deteriorar o que há dentro de si.
  Deixar que o môfo o consuma.
  E quando se dá conta, a espera foi-se tanta que muitas vezes é tarde demais. ]

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Infinitude

[ Encontro-me no ponto mais alto da montanha.
  Vendo meus olhos jaboticabais.
  Abraço meu corpo com tudo o que posso.
  E em disparada, corro em direção ao abismo.
  Sinto o vento forte deslizando meu corpo.
  Inexplicavelmente Livre, é como sinto-me.
  A queda perdura.
  E como uma bala errante, adentro as profundezas do Oceano revolto.
  Submergi.
  Resurgi.
  Escalarei a montanha novamente
  Na ânsia de um novo salto. ]

domingo, 20 de junho de 2010

Ponto de Vista

[ O Amor deve ser interpretado ou puramente sentido?
  Entender o sentido daquilo que se é sentido.
  Do que faz sentido, se é que faz algum.
  O que tem para ser interpretado?
  Decodificado, talvez.
  A mensagem transmitida nem sempre é a mesma recebida.
  São passíveis de diversas interpretações, aspirações, e afins, ou enfins!
  Embora, sejam falhas em meros momentos.
  Gestos.
  Olhares.
  São respostas.
  Porém, muitas vezes, respostas causadoras de dúvidas. ]

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Fim de Tarde



[ Pincéis.
  Tintas Vermelhas.
  Fez-se o degradê Fim de Tarde.
  É quando desejo Beijar-te.
  O Céu pintou-se de Amor.]

terça-feira, 15 de junho de 2010

Seiva


[ Nada é tão firme quanto a Terra que sustenta meus Pés.
  Dela retiro toda a seiva palpitante de meu coração.]

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Mal Me Quer... Bem Me Quer...



[ Pétala.
  Signo representante
  De um novo passo...
  De um novo fato...
  De uma nova escolha...
  Ou de um novo continuar...
  Um novo prosseguir, quem sabe.
  Seja de onde parou
  Ou em um novo caminhar.
  Não importa quantas pétalas tenham sido arrancadas
  Sempre haverá um campo vasto para que possamos colher outra bela flor
  E dar continuidade.
  Bem Me Quer, Mal Me Quer...
  Qual será a última Pétala?
  Ficou-se no ar... ]

domingo, 13 de junho de 2010

No balanço...



[ No momento estou na mais sublime reclusão.
  E reclusa, encontro-me dentro do meu próprio Eu.
  Não é por nada.
  Só quero relaxar, talvez.
  Descansar o cansaço de minha mente por vezes cansada.
  Apenas isso.
  Ainda vejo as cores vivas do mundo.
  Ainda acredito no Amor.
  Ainda tento não me decepcionar tanto com as pessoas.
  Ainda vejo beleza nas coisas belas e feias.
  Ainda amo sorrisos.
  Olhares então, nem se fala.
  Abraços, é o que mais prezo.
  Mas, no momento, só quero estar sentada no meu balanço.
  Sentindo o ventinho no rosto.
  Por quanto tempo?!
  Não faço idéia.
  Tempo, é só uma desculpa boba para controlarmos as coisas que devemos viver.
  Não importa quanto tempo passe ou o que aconteça.
  Se for verdadeiro e tiver de acontecer, não há tempo nenhum que impeça. ]

C[a]O[s]RROSIVO

[ Caos de pensamentos sísmicos.
  Retrocessos, transgressões.
  Tremor e enchente ocular.
  Palpitações.
  Olhar para os dois lados da rua.
  A encruzilhada.
  O voltar.
  O seguir.
  O lado oposto.
  O lado seguinte.
  O ficar.
  Por hora, estou preferindo Voar. ]

sábado, 12 de junho de 2010

Dia dos [100] Namorados


[ 12 de Junho de um ano qualquer.
  De uma forma ou de outra, sabia que havia um Publicitário por trás disso tudo!
  Uma forma de lucrar com a satisfação dos apaixonados.
  A velha troca de presentes.
  Um jantar à luz de velas.
  Um paparicado a mais.
  Mas, e aqueles que não tem sua "alma gêmea"?
  O que fazem nesse dia de total romantismo?
  Nada?
  Que nada!
  Vamos comemorar!
  Amar está muito além de dois únicos corpos atrelados à um só.
  Amar em si, já está muito além de qualquer coisa.
  Então, depressão, tristeza, loucura, por falta de um(a) namorado(a), não cabe, não é!?
  Temos amigos!
  Eles nos completam, nos deixam sempre bem, aceitam nossos defeitos, elevam nossas qualidades, mesmo sem concordar com nossas escolhas ficam do nosso lado quando precisamos, nos piores momentos estão conosco segurando nossa mão para não cairmos, e o melhor de tudo, as loucuras são sempre compatíveis!
  Então nessas horas quem precisa de um(a) namorado(a)?
  Lógico, que é muito bom um aconchego, beijo na boca e afins.
  Mas se não tem, de que adianta enlouquecer?
  Sai com os amigos e vai ser feliz!
  Vai que você encontre o amor da sua vida ao dobrar a esquina. Nunca se sabe!
  Afinal de contas, o Amor sempre vem quando menos se espera. ]

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Lucidez

[ A cegueira parcial se foi.
  Lúcida, é assim que considero-me.
  E diante de tal lucidez, analiso tudo aquilo que foi cometido em momento de total engano.
  Deixei meu coração sob a responsabilidade de outro alguém que não era eu.
  Quanta imprudência de minha parte.
  Quanto desleixo.
  Quem além de mim poderia tomar conta de meu próprio coração?
  Acredito que ninguém.
  E no mais sóbrio porre dei-me conta de tal erro.
  O sempre insistir naquilo que se sabe que não dará certo.
  No fundo, eu sentia isso.
  Sentia que de uma maneira ou de outra as coisas não terminariam como se era esperado.
  Mas se foi.
  Por um momento ficou o vazio.
  Mas sinceramente, no agora, está tudo como se nada tivesse acontecido.
  Como se fosse um capítulo que chegou ao fim e foi esquecido.
  Deu-se início a mais um novo capítulo.
  E já começo a escrever os primeiros parágrafos.]

Mar

[ Tempo de minha madrugada passei ao lado dele.
  Estávamos tão íntimos, tão ligados.
  Só ele pôde compreender-me naquele momento.
  Somente ele pôde completar-me aquela noite.
  Ele afogentou minhas angústias e medos.
  Acolheu-me tão profundamente em teu manto de espumas límpidas e brancas.
  Protegeu-me de todos os males que cercaram-me.
  Nos encontrávamos lá,
  Calados,
  Emudecidos. ]

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O Ser-Pessoa

[ Esses dias tenho pensado muito no quão complexo o ser humano é.
  Em suas escolhas, dúvidas e incertezas constantes.
  As suas várias formas de simplesmente Ser.
  E de não Ser.
  Aqueles que parecem ser e não são.
  Aqueles que são e não parecem ser.
  O que tem de tão complicado em Ser o que se é?
  O que se é de verdade!
  Sem fingimentos.
  Agir da forma que quiser.
  Dizer o que quiser dizer.
  Quanta censura!
  Quanto rótulo!
  Quanta falta de respeito!
  As pessoas teimam em dar a bofetada, e depois dar o afago.
  Me dê a bofetada, mas depois me dê as costas e vá embora.
  Não quero afago.
  Com esse afago vem a esperança.
  A esperança do "Poder Ser!".
  Com esse "Poder Ser" vem a expectativa.
  Expectativa essa muitas vezes retirada de você como o doce de uma criança.
  Essa é a parte chata da história.
  Não suporto isso!
  Santa indecisão.
  Se não quer, não faça rodeios.
  Não queira, é tão simples isso.
  O QUE TEM DE COMPLICADO?
  É o chegar na cara, ficar frente a frente e dizer.
  Você tem todo o direito de não querer.
  Todos nós temos!
  Então diga.
  Às vezes nos magoamos, nos chateamos com coisas tolas, pelo fato de não expor aquilo que sentimos.
  Pelo simples medo de magoar, acabamos magoando.
  E as coisas muitas vezes ao invés de melhorar, tornam-se cada vez piores.
  Insustentáveis, talvez.
  Chamo-me de Idiota por crer naquilo que as pessoas possam Ser.
  Crer naquilo de bom que elas tem a me oferecer.
  Mas, infelizmente, muitas vezes deparo-me com situações dolorosas de se ver.
  De se sentir.
  E acabo por me decepcionar.
  Não sei fingir.
  Poderia ter aulas para isso.
  O "Não-Sentir" aquilo que se sente.
  Mas essa definitivamente não seria Eu.
  E isso eu não abro mão.
  Não quero ser aquilo que não sou.
  Mas vou tentar não me chocar tanto com as coisas cometidas pelos outros.
  Sei que posso esperar de tudo.
  Estejam elas Certas ou Erradas
  Afinal, são Pessoas. ]

domingo, 6 de junho de 2010

Luto aos Cacos de Vidro

[ Fatos.
  Fotos.
  O vinil arranhado na vitrola quebrada.
  E na minha estante do canto esquerdo da sala,
  Encontrava-se a caixinha de vidro que
  Emoldurava meu coração.
  Tremores absurdamente inesperados,
  Tremeram as bases de meu alicerce de puro concreto.
  A estante estremeceu deixando cair a tão valiosa
  Caixinha de vidro.
  Os cacos estavam espalhados por todo o chão.
  E meu coração, que estava guardado na caixa,
  Agora encontra-se cheio de fragmentos.
  Em ruínas, perfurado pelas míseras
  Faíscas de vidro em pedaços.
  O sangue jorra incessante.
  Escorre por todo o chão da sala vazia.
  Acompanhado pelas últimas batidas cardíacas.
  Tumtum... Tumtum...
  Tumtum...
  Tum...
  ... ... ... ... ...




  O silêncio pairava.



  O céu de azul límpido pintou-se de cinza escuro.
  As nuvens reuniram-se para velá-lo.
  As andorinhas vieram dar seu último Adeus.
  O mundo parou por alguns meros instantes.
  Viu-se a aura branca sair pela janela.
  Era a aura de um coração puro.
  Estraçalhado pelas dores do Amor.
  Então fez-se


  O Luto. ]

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Explosão

[ Meu coração Partiu-se!
  Logo veio a enxurada de sentimentos.
  Por sorte montei meu barquinho de papel.
  E pude deslizar por entre as correntezas
  Transbordadas pelo meu coração cheio de amor.]

Todo Amor Que Houver Nessa Vida

Eu quero a sorte de um amor tranquilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia!

E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente nem vive
Transformar o tédio em melodia
Ser teu pão ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia

E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro, feito um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente, não!
Ser teu pão ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E algum veneno antimonotonia
e algum...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Xadrez

[ As peças foram expostas no tabuleiro.
Damas e Cavalheiros em suas devidas posições.
Deu-se início ao Baile.
Rodopios simetricamente sincronizados.
Garbosidade espalhada por todos os cubos pretos e brancos.
Jogo de Sedução.
Bailados embalados ao som de uma harpa encantada.
Repentinamente, a cena tornou-se turva e todos passavam a bailar em plena câmera lenta.
Foco luminoso no par que destacava-se dos demais presentes.
Ele aproximara da peça mais bela de todas.
A mais cobiçada, talvez.
Romanças romancearam romanticamente aquele romance.
E sutilmente ele a beija.
Xeque-mate! ]


terça-feira, 1 de junho de 2010

A menina que queria ser "gente grande".

[ Quando eu era criança teimava em querer ser "gente grande".
  Mal sabia eu, que ser "gente grande" acarretaria em uma infinidade de coisas complexas.
  Ter que encarar a realidade de frente é uma delas.
  Quão tola eu era!
  Ou ainda sou.
  Decepcionei-me com aqueles que jamais pensei que decepcionariam-me.
  As coisas ficaram sérias.
  Os lobos que enfeitam-se de cordeiros mostraram suas garras.
  Armaram suas emboscadas.
  E descaradamente continuam com suas formas angelicais.
  Quem querem enganar?
  Aquela menina que queria ser "gente grande" não mais acreditava que a vida era um lindo conto de fadas, muito menos um final sempre feliz de uma novela das 8.
  Ela tão bem sabe que mais poderia compará-la com um trágico final infeliz de um Romeu e Julieta, de Shakespeare.
  Realidade, meu caro.
  É assim que é.
  Já diziam os velhos poetas sofredores, porém belamente sonhadores.
  Mas algo ainda bate naquele peito esmurecido da menina que queria ser "gente grande".
  Mesmo sabendo que a realidade está aí bem nítida e clara.
  A esperança ainda faz-se presente em seu coração.
  E ela continua por acreditar que ainda exista aqueles puros de coração. ]