"Tem coisas que já não agüento
mais, sei que é de grande idiotice da minha parte, mas simplesmente não
agüento. Tem inúmeras de mim aqui dentro. O que me fez definitivamente pensar
em várias coisas ao ler Rubem Alves. Há várias de mim em mim. Em boa parte dos
momentos sinto o conflito em meu corpo. Por vezes olho-me no espelho e vejo uma
pequena criança com seus 5, 6 anos de idade. Noutras, reflete-se uma pessoa nos
seus cansados 125 anos. Embora não veja rugas, marcas de expressão que pudesse
transparecer a minha real idade, o que vejo é uma imagem desbotada. Apagada. Sem
vida. Sem cor. Sem quaisquer expectativas futuras. Sem ânimo. Sem nada. Nada é
tudo o que tenho nesse momento. Nem mesmo a esperança de mudança. E apenas
lágrimas que rolam desobedientes. Vejo as fotografias na parede e gosto de
observá-las, trazem um gosto de saudade e vivência. Em cada uma delas vejo um
de meus sorrisos estampados em todas elas e tento resgatar a alegria do que foi
vivido em cada época. Alegria que não tenho hoje. Em seu lugar apenas um
sentimento de impotência. Vulnerabilidade. Tristeza. Morte. Morte de uma
identidade. De uma essência. De uma existência. Talvez eu tenha passado muito
tempo inundada em uma realidade paralela. Talvez a verdadeira realidade caia
como grande pesar sobre mim. Talvez sempre caísse só nunca notei o quanto
acarretava em mim essa dor de agora. Lapsos é tudo o que lembro, apenas. (...)"
De um Eu que ainda não tem nome.