domingo, 27 de fevereiro de 2011






Ode a um Rouxinol
(1819)

[ "Meu coração sofre uma dor misteriosa
Como se eu bebera cicuta,
Ou ópio evanescente;
O minuto passado já naufragou no esquecimento.
Não invejo tua vida feliz,
Pois me sinto feliz em tua felicidade,
Onde Dríades aladas e luminosas pairam sobre as árvores
Nalguma melodiosa planície
De sombras e áreas verdes infinitas,
Tocada de leve pelo mormaço do verão.
Oh, a brisa sobre os vinhedos!
Refresca há muito tempo as profundezas da terra,
Saboreando a flora dos campos verdejantes,
Baila ao som de uma canção provençal e cora de alegria!
Oh, uma taça repleta do calor do Sul,
Transbordante do verdadeiro rubor do Hipocrene,
Borbulhando de espumas até a borda
E tingindo de púrpura os lábios que a tocam;
Aquela taça eu sorveria e o mundo se tornaria invisível,
E contigo eu desapareceria numa remota floresta.
Sumir para bem distante, até esquecer completamente,
Contigo no meio da folhagem,
O cansaço, a angústia e a aflição.
Aqui, onde os homens sentam e escutam, uns dos outros, os gemidos;
Onde a agitação e a tristeza sossegam um pouco,
Onde a juventude cresce firme e os fantasmas morrem;
Onde pensar é estar a salvo do sofrimento
E o plúmbeo olhar desaparece,
Onde a beleza não pode ocultar o teu olhar brilhante,
Nem um novo amor ansiar por algo além do amanhã.
Longe, muito longe, eu voarei contigo,
Nunca na carroça de Baco puxada por seus leopardos,
Mas nas asas invisíveis da Poesia.
Contudo, o pensamento se assusta e se atrasa:
Já contigo! Suave é a noite,
E por acaso a rainha lua encontra-se no seu trono,
Cercada por sua corte de estrelas;
Mas aqui não há luz
Exceto a que vem do céu com o sopro da brisa
Através da umbrosa verdura e de caminhos serpenteantes e relvosos.
Não posso ver as flores aos meus pés
Nem sentir o oloroso incenso que paira sobre a ramagem,
Mas inebriado, na penumbra, acho tudo doce.
Graças à oportuna primavera,
Contemplo a relva, o bosque e as árvores frutíferas;
Claros espinhos e madressilvas silvestres.
Fugazes violetas deitam-se sobre as folhas;
E destacam seu mais antigo broto;
Surge uma rosa amarela cheia de orvalho
A sussurrar sua habitual canção do entardecer.
Secretamente escuto, e muito tempo
Fico quase fascinado pela leveza da morte,
Chamei-a por palavras ternas em várias rimas,
Para se mesclar ao ar da minha calma respiração;
Agora, mais do que nunca, parece doce morrer
Para tudo acabar à meia noite, sem nenhuma dor,
Enquanto tua arte flui, tua alma te abandona
Num êxtase absoluto!
E ainda tu cantarias e eu escutaria em vão -
A fim de que teu réquiem se tornasse um adeus.
Tu não nasceste para morrer, pássaro imortal!
Nem a fome dos homens ousou te abater;
A voz que a noite passada eu escutei
Também foi ouvida pelos palhaços e imperadores de outrora;
Talvez a tua própria canção haja encontrado um caminho
Através do triste coração de Ruth, quando doente em sua casa,
Ela chorou lágrimas nutritivas que te alimentaram;
As mesmas que tiveste, muitas vezes
Nos mágicos beirais;
Nas espumas das vagas
De perigosos mares, ou na terra encantada do desespero.
Desespero! Esta palavra é como um sino
Cujo dobre traz-me de volta o meu passado!
Adeus! A ilusão não pode enganar para sempre.
Adeus! Adeus! Teu lamentoso canto silencia,
Ainda há pouco se ouvia perto das campinas, sobre o regato,
Nas encostas da montanha; mas agora está sepultado profundamente
Numa clareira de um vale próximo.
Teria sido uma alucinação ou um sonho velado?
Acabou aquela música: - Estou desperto ou durmo." ]



John Keats

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Devaneiado Pensamento...

[ Amor...
  Em um deliberado pensar...
  Que a vida não poderia ser tão somente vivida...
  Sem que em meu peito o meu...
  Amor...
  Pungente, pudesse bater livremente...
  Em minhas veias de fino torpor...
  Meu respirar anuncia...
  Amor... ]



sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Parabolando







[ Sinto que a doença agrava-se a cada dia.
  E minha cegueira decompõe-me.
  Meus vultos tortos.
  Apenas mais uma visão turva do mundo afora.
  Meu sopro à chaminé empoeirada.
  Minhas cinzas...
  Meus receios inconstantes.
  Meu prelúdio...
  Meu presságio...
  Meu colírio 
  São as lágrimas que caem de meus olhos 
  Tristes.
  Escrevo minha estória em papéis desbotados.
  As letras enraizaram aquele texto em seu pesar.
  E tudo o que sei...
  É que não consigo enxergar o futuro a minha frente.
  E cada passo que dou
  Sinto que encontra-se cada vez mais perto do abismo que
  Cerca-me.
  Meu corpo está fraco.
  Fracasso é tentar voltar para onde não se vê.
  Solidão é tentar cuspir aquela palavra vã 
  E o vento ressecá-la sem que eu ao menos a diga.
  E todas as minhas lamúrias acumulam-se em minha garganta.
  E toda a minha força evapora-se feito pó.
  É a hora que meu corpo cai...
  E a vida se esvai... ]

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Soul

[ Carbono
  Em branco e cinza.
  Irradia.
  Incandeia.
  Adormece.
  Me apetece.
  Elabora.
  Evapora.
  Embora, eu seja.
  Sou infinito Soul... ]

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011





Eu quando saio pelo mar afora
Faço de conta que já vou embora
Mas apenas fico nas mentiras
Que matam por momentos desventuras

Tantas gaivotas rodeando o barco
Como crianças rodeando adultos
Gaivotas e crianças se misturam
E fazem do meu barco a minha calma

Meu corpo balança sobre as águas
E o olhar se afoga no meu pranto
É que eu bem distante lá da terra
Não compreendo gente que maltrata e erra

Minhas mágoas, tantas frustrações
Eu vou deixar neste mar quando anoitecer
E lá em casa ninguém vai saber
Quando eu chegar vou sorrir e adormecer

Quando eu paro o barco em águas mansas
Olho de repente pras alturas
E percebo em meio a nuvens brancas
Uma gaivota calma e solitária

Ela deve estar olhando o mundo
E tomando conta das pessoas
Esta gaivota é importante
É pena que ela fique tão distante

Eu perdido em tantos pensamentos
Me pergunto às vezes se ela sabe
Que o amor se perde por dinheiro
E o homem se destrói no mundo inteiro

Mas lá em casa ninguém vai saber
Quando eu chegar vou sorrir e adormecer....





Gaivotas - Antonio Marcos

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Esconderijo



[ Vou.
  E quando vou.
  Apenas deixo-me levar...
  Nos murmúrios vãos.
  No abraço de cada olhar.
  Silenciar o silêncio 
  De um ensejo que grita.
  Esperneia por tua finita
  Vontade
  Em concretude.
  No caminhar
  Onde meus rastros invisíveis
  Marcam minha passagem
  Escondida.
  Velada por tal plenitude.
  E sem que percebam
  Subo minhas escadas 
  Por meu melhor
  Esconderijo.
  Pobre, Tolo abutre...!
  Naquelas ruelas
  É onde vejo a Lua.
  Daquelas ruelas
  É onde me deixo Luar... ]



sábado, 19 de fevereiro de 2011

O Agora





[ Eu vejo o tic-tac do relógio.
  Rabugento e insolente.
  Desmanchando-se em horas 
  Desprovidas...
  Mal contadas...
  Os retratos de meus dias. ]



terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Pássaro





[ Eu pude olhar e ver completamente.
  Sentir como nem eu mesma poderei sentir novamente.
  Fitando os olhos robustos de minha alma contida.
  Beijando paredes absurdamente degradadas e esquecidas.
  Muito de mim, está em mim, embora boa parte seja soprada ao monte.
  Minhas asas encontram-se invisíveis.
  Talvez o inimigo se alerte, enquanto vôo longe.
  E tudo o que se marca seja parte despedida.
  Eu vou e volto. 
  Vou embora.
  Mas, minha memória ficará na hora da partida. ]

Terra batida

[ Empalidecendo meu peito moribundo.
  Feito açoite de um amor desnaturado.
  Desgraçado.
  Dilacerado.
  Que abomina minha carne.
  Que corrompe minhas veias.
  Sangue banhando minhas mãos 
  Sujas de desordem pública. 
  Batalha nuclear.
  Bombas destruindo meus mundos isolados.
  E minha Terra se faz vã.
  Assim como meus ideais
  Que já não posso mais conter... ]

domingo, 13 de fevereiro de 2011

[ Beatitudinem ]







[ Devidamente encantada com as experiências...
  Novas experiências essas,
  Que andam alimentando um bocado minha alma...
  Meus pensamentos andam leves e soltos.
  Feito balões que se perdem a imensidão do Céu.
  Feliz é como sinto-me.
  O que queres que eu diga,
  Além de que sou infinitamente feliz? ]

Um Selo para mim...




Fiquei muito surpresa e também muito feliz ao receber este selo. Escrever no blog para mim é como uma libertação da minha alma. Transcrever aquilo que penso, sinto ou imagino. E mesmo com pouca divulgação ou até mesmo, poucos leitores fiéis, é de grande felicidade saber que consigo, o mínimo que seja, agraciar uns e outros com minhas vivências e pontos de vista. Espero que meus textos possam, de certa forma, ajudá-los ou confundí-los, enfim. Meu obrigada a Ana Laura, do blog Like So Sweet, por me agraciar com este selo. 

Agora mãos à obra, meu feito é indicar mais 10 blogs... 
Os indicados ao Oscar são: ;D

   Este blog fala sobre as andanças de uma banda local, cujo vocalista é um grandississímo amigo-irmão. Suas músicas são de muita qualidade e bom gosto. E inúmeras batalhas também. Torço pelo sucesso e reconhecimento!

   Embora eu não o acompanhe muito, mas nas poucas vezes que me encontrei fixada nas simples palavras desse pequeno-enorme garoto pude perceber que não estou só no Mundo.

   Eu não o conheço. Encontrei seu blog por um mero acaso. Mas na primeira vez que o li, encantei-me de imediato. São rimas gostosas de ler e sentir.

   Há tempos não o leio. Encontrei-o em um simples comentário feito em uma de minhas postagens. Curiosa que sou, resolvi fuçar um bocadinho. Deparei-me com um longo texto que falava de amor. Uma visão tão "torta" e diferente da minha, mas que deu-me a liberdade de começar a rever meus conceitos e a forma de como eu via as coisas.

   Uma benção que me apurrinha o juízo. Um sonhador. Criança constante e inconstante. Ele não escreve. Ele simplesmente canta... e muito bem por sinal.

   Abanquei-me. E vez ou outra dou uma fugidinha para devanear. Ilustrações infinitas sem ao menos existir algum monumento visual, porém unicamente mental. Eu mesma já visitei inúmeros lugares quando deixei-me levar por suas palavras.

  Esses dois são blogs de duas figuras fantásticas. Sempre que posso leio algumas de suas histórias e contos. São pessoas que admiro, seja por suas músicas, concepções, ou por serem as pessoas que são. 

   O nome já diz tudo. Uma viagem. Fonte de inspiração.

   Moda. Design. Curiosidades. Seja lá o que for, eu vejo aqui...


Fico por aqui... 
Até a volta!

FreneSi[nfonicaMente]

[ Meu peito sorri.
  Enquanto meus olhos se enchem de lágrimas.
  E aquele nó na garganta.
  E aquele frio na barriga.
  E aquela maldita palavra engasgada.
  Que teima em se agarrar na ponta de minha língua... ]

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

(...)

[ Queria ser muito mais de mim
  E poder ajudar além daqueles que já estão em meu intento.
  Mas, por horas, sinto-me vulnerável.
  Às vezes não conto com ajuda para sequer erguer minhas próprias pernas...
  É triste, e até mesmo, vergonhoso.
  Mas não posso negar os vários momentos com que me julgo incapaz.
  Abomináveis pensamentos.
  Porém, ando procurando minhas inspirações.
  Certos sorrisos que me encantam.
  Tão humildes e modestos.
  Na luta para apenas
  Viver.... ]



Esquina







[ Quão cheia de olhos estou.
  E fico cá
  Apenas para observar o Mundo.


  Quão cheia de braços me vou.
  E tudo o que se passa
  É meu monumento 
  De apenas colher
  Teus sorrisos
  Em cada longa Esquina.... ]